Fundado por Paulo Pinto Mascarenhas
Ana Albergaria
Bernardo Pires de Lima
Diogo Belford Henriques
Eduardo Nogueira Pinto
Francisco Mendes da Silva
Henrique Raposo
Inês Teotónio Pereira
Jacinto Bettencourt
João Marques de Almeida
João Vacas
José Bourbon Ribeiro
Leonardo Ralha
Luciano Amaral
Luís Goldschmidt
Manuel Castelo-Branco
Manuel Falcão
Nuno Costa Santos
Paulo Pinto Mascarenhas
Pedro Marques Lopes
Rodrigo Moita de Deus
Tiago Geraldo
Vasco Rato
Vitor Cunha
Logótipo Acidental concebido por Vitriolica. Grafismo gerado por Miss Still.
- abril 2004
- maio 2004
- junho 2004
- julho 2004
- agosto 2004
- setembro 2004
- outubro 2004
- novembro 2004
- dezembro 2004
- janeiro 2005
- fevereiro 2005
- março 2005
- abril 2005
- maio 2005
- junho 2005
- julho 2005
- agosto 2005
- setembro 2005
- outubro 2005
- novembro 2005
- dezembro 2005
- janeiro 2006
- fevereiro 2006
- março 2006
- abril 2006
- junho 2006
Ligações Acidentais
A Causa Foi Modificada
Bomba Inteligente
O Espectro
Educação Sentimental
A Vida em Deli
Futuro Presente
Aos 35
Vitriolica Webb's Ite
A Sexta Coluna
Tristes Tópicos
Some Like It Hot
Xanel 5/Miss Pearls
Crónicas Matinais
Rititi
Mood Swing
19 meses depois
Serendipity
A Propósito de Nada
The world as we know it
Minha Rica Casinha
Da Literatura
Tradução Simultânea
Contra a Corrente
O Estado do Sítio
Geraldo Sem Pavor
Acho Eu
A Arte da Fuga
O Sinédrio
Blue Lounge
Portugal Contemporâneo
A cor das avestruzes modernas
Kapa
Snob Blog
E Depois do Adeus
Margens de Erro
Nortadas
Office Lounging
No Quinto dos Impérios
Teorema de Pitágoras
What do you represent
Esplanar
Quase Famosos
Melancómico
Vício de Forma
João Pereira Coutinho I
João Pereira Coutinho II
Retalhos da Vovó Edith
Blogue dos Marretas
Lóbi do Chá
O Insurgente
A Mão Invisível
A Esquina do Rio
Voz do Deserto
Desesperada Esperança
Homem a Dias
Blasfémias
Origem das Espécies
Babugem
Ma-Schamba
Rua da Judiaria
Fuga para a vitória
Mar Salgado
A Ágora
Miniscente
A vida dos meus dias
Elasticidade
Causa Liberal
O Telescópio
Grande Loja do Queijo Limiano
O Intrometido
Carambas
Mau Tempo no Canil
Lobby de Aveiro
Bar do Moe
Adufe
Bloguítica
Tau-tau
Incontinentes Verbais
Causa Nossa
elba everywhere
O Observador
Super Flumina
Glória Fácil
Metablog
Dolo Eventual
Vista Alegre
Aforismos e Afins
A Cooperativa
Semiramis
Diário da República
Galo Verde
Ilhas
french kissin'
Bicho Carpinteiro
Portugal dos Pequeninos
Foguetabraze
A Invenção de Morel
Aspirina B
O Boato
O Vilacondense
O amigo do povo
O Insubmisso
Arquivados
Aviz
Barnabé
Blog de Esquerda
Fora do Mundo
Jaquinzinhos
terça-feira, novembro 30, 2004
E em última instância…
Os governos ou têm legitimidade democrática ou não têm. As instituições ou funcionam ou não funcionam. O que não passa pela cabeça de ninguém é que um governo possa ser demitido só porque é “mau”. Se assim fosse nunca mais existiam governos de centro-direita com presidentes de esquerda, ou vice-versa. Se assim fosse, Guterres também não teria sobrevivido ao primeiro mandato.
[Rodrigo Moita de Deus] |
Casamentos e Baptizados
Um dia destes fui parar aqui. Ponho-me a ler umas coisas e, de repente, percebo: espera lá… este gajo é o Pita. Ora bem, o Pita é uma pessoa que costumo encontrar principalmente em casamentos e baptizados, mas com quem já apanhei também um pifo ou dois. Eu. Porque ele ficou sóbrio que nem uma couve (para quem não sabia que as couves são sóbrias). Eles não puseram link aqui para esta baiuca. Não faz mal. Não me importo. O blog não é meu. Para além disso, puseram lá links para cada barrete… O que importa é que o Pita escreve lá (sob o pseudónimo de João Pedro George) e já lá pôs umas quantas das melhores críticas literárias que por aí circulam. A propósito, quando é que é o próximo baptizado?
[Luciano Amaral] |
Todos os patinhos sabem bem nadar
Escrevi ontem que, caso o governo do País vá parar às mãos da esquerda - eu usei a palavra "regaço" mas é melhor não voltar a empregar expressões que tenham a ver com bebés, porque o dr. Pacheco Pereira não gosta -, há muito boa gente do centro e da direita que deve ser chamado a assumir a sua quota de responsabilidade. Foi pretexto suficiente para alguns senhores da esquerda mais ou menos militante, condicionados pelos seus próprios esquemas mentais, virem a correr acusar-me de caça aos traidores sem "lealdade orgânica".
Ora, o que eu dizia não era mais do que está escrito: há muito boa gente no centro e na direita que, obcecada pelos seus umbigos e possuída por ódios paroquiais, está disposta a tudo para apear o primeiro-ministro, Santana Lopes. Mesmo que isso signifique entregar o poder a Sócrates - ou mesmo a Louçã. Por isso mesmo, essa boa gente - e os exemplos abundam - deve assumir as suas responsabilidades caso tal cenário se venha a concretizar. E ponto final. Isto não quer dizer que o CDS esteja desesperado em busca de traidores, como diz o sempre humorístico agit-prop do Bloco de Esquerda, Daniel Oliveira, nem que já tenha começado a "caça às bruxas", como calcula o pró-socrático Paulo Gorjão. Tenham calma, rapazes, mantenham a cabeça fria, não me confundam com os vossos compagnons de route. Esses são métodos típicos da esquerda, tradicionalmente especialista em purgas. Não me analisem, por isso, de acordo com os vossos pré-conceitos. A direita a que pertenço limita-se a registar. E tem memória, naturalmente. [PPM] PS: Esta história dos "orgânicos" já me está a encanitar. Só para que saibam, à esquerda mas sobretudo à direita, sempre vos digo que prefiro a condição de "orgânico" a ser incluído entre gente "inorgânica", que não é carne nem é peixe, disposta a tudo para manter-se na crista da onda. Hertziana, claro. |
Em bom rigor…
Antes de decidir dissolver a Assembleia da República, Jorge Sampaio ouvirá sempre o Conselho de Estado.
[Rodrigo Moita de Deus] |
Genealogia do Fim
Peças como a que na 6ª feira passada saiu no jornal Público da autoria de um indivíduo que assina Vasco Pulido Valente (mas não deve certamente ser o mesmo que outrora usava nome idêntico) só podem ser levadas a sério se entendidas num sentido cómico. É como as declarações de Mário Soares – estão a ver quais são, não estão? aquelas dos golpes de estado e do fascismo e rebeubéu. Ou as do Prof. Cavaco sobre a moeda boa e má. Parece que o horror e a incompetência só agora chegaram ao governo. Não queria estar aqui a relembrar o óbvio: os autores deste governo e suas crises chamam-se José Manuel Durão Barroso e Manuela Ferreira Leite. Um foi (literalmente) desta para melhor. A outra errou dramaticamente na sua política orçamental, assim desperdiçando (para décadas) o capital político futuro de quem queira reformar o Estado português e (consequentemente) a economia nacional. Ora, estas pessoas fazem parte da “velha”, “respeitável” e “competente” classe política de que toda a gente agora parece ter tantas saudades.
O governo é horrível? Sem dúvida. Mas não pelas razões que se lhe costumam apontar. O governo é horrível porque existe. Santana Lopes, para ser levado a sério, deveria desde o início ter encontrado qualquer pretexto para ir a eleições. De uma vez por todas responsabilizava o cavaquismo de gestão (do ex-José Manuel Durão Barroso) pela crise criada e das duas uma: ou ganhava as eleições e tinha o partido na mão ou as perdia, mas na verdade a responsabilidade não lhe podia ser atribuída. E os Profs. Cavacos e Marques Mendes desta terra não tinham autoridade nenhuma para (no congresso e nos jornais) lhe fazerem qualquer espécie de crítica. Aproveitava para calar de vez no PSD essas criaturas cujo único objectivo parece ser destruir o PSD e apresentava-se a eleições com cara nova. Em vez disso, o que é que temos? Um grupo de sujeitos a que alguém chama “governo”, rapando o fundo do tacho e presos pela trela do Dr. Jorge Sampaio (do Dr. Sampaio, meu Deus, pode haver maior humilhação?), o qual se atreve mesmo, como ontem de manhã, a fazer reprimendas e “sérios avisos”. Só que, como é evidente, para fazer isto, o Dr. Lopes tinha de ter uma ideia de governo na cabeça. E uma ideia de governo que, de uma vez, enfrentasse o PREC recauchutado em que infelizmente ainda vivemos. Mas já todos percebemos que naquela cabeça essa ideia (qualquer ideia?) não parece mesmo existir (se existe, está muito, mas muito, recalcada). Tudo isto que estive para aqui a dizer, na verdade, era pedir demais ao Dr. Lopes. Agora, mais vale que vá mesmo ao fundo. Vem aí o Guterrismo de gestão? Pois que venha, ao menos vamos ao fundo com camisola de gola alta. [Luciano Amaral] |
Um silêncio ruidoso
Não consigo compreender o silêncio do primeiro-ministro sobre a demissão de Henrique Chaves nem o silêncio sobre as graves acusações por este proferidas. Tenho para mim que o senhor em causa está melhor fora do Governo e, se calhar, nunca lá devia ter estado. Mas, infelizmente, não é esse o problema. A questão é outra: um ministro demitiu-se depois de três dias no cargo e proferiu acusações violentíssimas ao primeiro-ministro. Ora, o PM responde politicamente pelos seus ministros; a demissão de um ministro (ainda para mais da forma que foi) não é propriamente igual à demissão de um qualquer funcionário do Estado; o Governo tem um mandato concedido pelo Povo através da Assembleia da República e a demissão de um governante nestas circunstâncias tem de ser explicado aos cidadãos pelo máximo representante político do Governo.
[Pedro Marques Lopes] PS: Caro Paulo, não te deixes provocar por pessoas que não querem compreender a essência do Acidental. Pior do que isso, comentam-no sem o lerem. Se o lessem, já tinham percebido que uma parte significativa dos teus convidados nem sequer são do CDS quanto mais “portistas” (apesar de, pelo menos, dois dele serem do glorioso FCP). A ignorância é muito atrevida. |
As fraldas
O Dr. Cunhal envia uma mensagem ao congresso do PCP com o recauchutado “viva o marxismo-leninismo”. O Dr. Soares vai a Paris para enviar cá para dentro o seu último pensamento profundo: “é preciso fazer alguma coisa”. O Eng. José Sócrates, que lê os autores preferidos do Dr. Soares, afirma com ar seguro que “é preciso estabilidade”. O Eng. Guterres desapareceu outra vez, o Dr. Louçã foi apanhado desprevenido e disse umas coisas improváveis, o Dr. Bruno Dias, do PCP, entende que o bebé Santana saído da incubadora está grandinho, já gatinha, não carecendo de carinho ou ternura.
É esta esquerda, dividida entre o "sim" e o "não" à Constituição Europeia, que em trôpega avidez se oferece ao mercado para lavar as fraldas que o bebé do outro, já quase refeito, vai deixando sujas. [Rodrigo Moita de Deus] |
Para ti, Manuela
A Manuela Moura Guedes - aliás, o Manuel da Grande Loja do Queijo Limiano - ainda não conseguiu perceber bem a natureza do Acidental e chama-nos o blogue oficioso do portismo. O pior é que o faz chamando à colação o Rodrigo Moita de Deus, insuspeito de qualquer proximidade ao portismo ou ao CDS. Bem pelo contrário. A ignorância ou a má-fé da Manuela, aliás Manuel, não tem limites - mas é compensada pela inimputabilidade do anonimato de quem tais dislates profere. Já agora, deixo aqui os meus sinceros agradecimentos por me confundir com a Margarida Rebelo Pinto, uma rapariga de vastas audiências e reconhecidas qualidades. Os meus parabéns também pela esmerada educação só agora finalmente revelada.
[PPM] |
Agradecido
Agradecemos a correcção enviada por email pelo Paulo Gorjão: a Lei é de Gresham e não Gersham.
[PPM] |
Correio da blogosfera
Poderia fazer chegar esta nota (disponível em
http://irreflexoes.blogspot.com/2004/11/breves-notas.html) ao seu convidado Rodrigo Moita de Deus? "A Rodrigo Moita de Deus, que as dúvidas não lhe doam. Eu responderia a tal grau de despreparo do jornalista: 1. Como sempre, com aquele que determina a LEOE, isto é, na falta de um orçamento aprovado em 31 de Dezembro de 2004, o ano de 2005 veria a execução por duodécimos do Orçamento aprovado para 2004, até aprovação de novo instrumento. Já aconteceu n vezes. Sem dramas de maior. 2. Porque os partidos da oposição não estão para dar a Santana o grau de vitimização que ele quer. Eu não sei se vocês pensam que Santana é Cavaco e podia sair disto para uma maioria absoluta, mas se pensam desenganem-se! Para mais, seria um gastar de papel inútil. 3. De momento, ao que parece, demais. De facto, a legitimidade de voto e a preponderância governativa estão desequilibrados e de que maneira. 4. Qualquer Governo custa dinheiro. Os custos de manter este Governo por mais um dia (mais uma hora, que diabo!) é que são proibitivos. Basta atentar no número de assessores, pelo lado da despesa, e no depauperamento do país, do lado dos custos. Fazê-lo cair é uma medida de higienização, nomeadamente orçamental." Eternamente grato, Irreflexões Paulo, O teu poste da Ucrânia é hilariante. Sugestão: fala do Iraque. Aquilo sim, é que é lixado... Onde está o espírito crítico? Ou é tudo medinho de o governo ir ao ar (o que julgo não ir acontecer)? Continua com o teu bom humor, Sérgio Bastos |
segunda-feira, novembro 29, 2004
A vida não acaba no défice, mas...
Em Belém, nos argumentos que mais pesam contra a dissolução da Assembleia da República, conta-se certamente a questão orçamental. Não seria a primeira vez que o país era governado com duodécimos, mas isso foi antes da União Europeia, do Euro e do pacto de estabilidade e crescimento.
A dissolução da Assembleia da República, antes da aprovação do orçamento, implicaria três meses até novas eleições. Somam-se mais três até que novo orçamento fosse feito e aprovado. Ou seja, estamos a falar de meados do próximo ano. Mais. A execução do orçamento de estado para 2005, nomeadamente o controlo do défice, depende prioritariamente da execução de medidas extraordinárias (passagem do fundo da CGA, venda de imóveis…) e também do sucesso ao combate à evasão fiscal. Na prática, políticas que estão “vedadas” a um governo de gestão. Na prática, dissolver a Assembleia da República antes da aprovação do orçamento, seria um convite para o descontrolo das finanças públicas e muito especialmente do défice. Não sou um especialista na matéria – e era bom que um economista falasse sobre esta questão – mas acredito que um cenário destes é o suficiente para deixar um presidente (e os técnicos do Eurostat) à beira de um ataque de nervos. [Rodrigo Moita de Deus] |
Estranho país o nosso…
Quando são os próprios santanistas que arranjam problemas. Quando o governo treme, a oposição prova que não quer eleições antecipadas. Onde Paulo Portas, com o seu silêncio, é o único que dá estabilidade.
[Rodrigo Moita de Deus] |
Perguntar não ofende
A caução do Maestro Miguel Graça Moura terá sido paga com o cartão de crédito da orquestra? [Rodrigo Moita de Deus] |
A estabilidade da malta
DN – Nas legislativas, se o PS precisar do BE para formar governo, estariam dispostos a passar a essa fase?
Francisco Louçã - Esse tema vai ser discutido na próxima convenção do Bloco, em Março. Sr. Presidente, é melhor não convocar eleições para já. Há que esperar pela convenção do Bloco de Esquerda, que a malta tem de discutir se vai ou não para o governo com o PS. E depois ainda há que esperar mais um bocadinho pelas Novas Fronteiras. Afinal de contas, é a estabilidade do País que está em jogo. E com estes senhores, pelos vistos, estará mais do que assegurada. [PPM] |
É chato mas é verdade
O comunicado de Henrique Chaves está muito mal escrito.
[Inês Teotónio Pereira] |
Solidariedade institucional
Quando Jorge Sampaio nomeou Pedro Santana Lopes foi obrigado a fazer o que menos gosta: decidir. Quando Jorge Sampaio nomeou Pedro Santana Lopes como primeiro-ministro, tornou-se solidário no sucesso e insucesso do actual governo. Por isso tem feito questão de tanto intervir, tornando-se numa inédita espécie de primeiro-ministro sombra ou conselheiro preferencial. Por isso não acredito que Jorge Sampaio tenha coragem para dissolver a Assembleia da República. Procurará sempre argumentos para não o fazer. E tem. O Orçamento de Estado que está pendente, a inexistência de moções de censura, a maioria parlamentar obediente e a estabilidade da coligação que perdura (por enquanto). Enquanto Paulo Portas quiser o governo continua. E, depois de nove anos neste registo, não será difícil adivinhar que o Presidente deve estar a rezar para que o tempo passe depressa até ao dia em que se possa desculpar com a Constituição para não demitir o governo. Ironicamente, no final, o seu legado político vai estar acorrentado ao destino de Santana Lopes. [Rodrigo Moita de Deus] |
Cavaco, amigo
Cavaco Silva tem toda a razão quanto à lei de Gersham. Só não se percebe quem são os "políticos competentes" que têm de substituir os "incompetentes". Será que se está a referir a José Sócrates e a João Soares ou aos ex-membros do seus governos como Álvaro Barreto, Bagão Félix ou Luís Filipe Pereira?
[Inês Teotónio Pereira] |
Em bom rigor…
Se Jorge Sampaio quisesse dissolver a Assembleia da República já tinha começado o corrupio de audiências e consultas no Palácio de Belém.
[Rodrigo Moita de Deus] |
Explicações
O primeiro-ministro deve uma explicação ao país e quanto mais depressa a der, melhor. Não se pode dar uma pasta a uma pessoa na quarta e ela demitir-se no domingo.
[Pedro Marques Lopes] |
A propósito da Lei de Gersham
Já tinha saudades de ouvir políticos competentes como o ilustre Couto dos Santos.
[PPM] |
Afinal é possível
Já passou uma semana e este blog ainda não falou sobre a Casa Pia.
[Rodrigo Moita de Deus] |
Estamos nisto
28.11.04
[2234] SEJAMOS CLAROS (I) O Presidente da República não vai demitir o Governo antes de 2005, nomeadamente porque, em condições ideais, o PS não quer eleições antecipadas antes das Novas Fronteiras em Janeiro/Fevereiro de 2005. Ficamos assim a saber que, para alguns dos seguidores de José Sócrates, o timming político do Presidente Jorge Sampaio está dependente do calendário das Novas Fronteiras. Só não se esqueçam que, a serem antecipadas as eleições, os portugueses também serão informados destas estranhas coincidências. [PPM] |
Depois não se queixem
Se o poder vier a cair no regaço da esquerda, há muito boa gente no centro e na direita que pode e deve ser chamada a assumir a sua quota de responsabilidade.
[PPM] |
Se eu fosse jornalista perguntava:
1. Se Jorge Sampaio dissolver agora a Assembleia da República com que orçamento é que o país é governado?
2. Sendo a demissão de Henrique Chaves um facto gravíssimo sobre a condução política do governo, porque será que nenhum partido com assento parlamentar apresenta uma moção de censura? 3. O que terá Paulo Portas a dizer sobre a condução política do governo? 4. Se Jorge Sampaio dissolver a Assembleia da República, como pode ele explicar seis meses de tempo e dinheiro perdidos num governo que nunca chegou a ser? [Rodrigo Moita de Deus] |
domingo, novembro 28, 2004
O filho da puta não se lembra de mim
Não te lembras de mim, mas eu sei bem quem tu és. É a pena que te denuncia. Leio as palavras e a tua imagem ganha vida.
E como podia eu esquecer? Que te sirva de elogio, estás igual! Estás na mesma. O mesmo alcoviteiro, escondido entre saias da professora. O mesmo manhoso, com fama e proveito de delator. O mesmo cábula com mais talento para a citação que para a escrita. A ti, há muito que não te encontro, mas tenho visto os teus irmãos. O canalha, o infame e o embusteiro. Estão todos bem e de boa saúde. Pululam alegremente por aí. E agora? Ainda não te lembras de mim? Não me recordarás nas tuas aventuras no parque ou no jardim, nem sequer dos cafés ou das livrarias. Podes até queixar-te da falta que te fez a minha companhia. Mas depois de tantos anos nem te percebo o desprezo. É da mesma escola! Já te lembras agora? O filho da puta e o fascista andaram juntos na mesma aula e até partilharam a carteira. É desses tempos de garoto que me vêm as certezas quanto à tua maternidade e as tuas quanto à minha ideologia. Manda saudades e desculpas à rameira. Um filho da puta assim, só pode ser filho de si próprio. [O Acidental] |
sexta-feira, novembro 26, 2004
Real politik
Eis um pequeno exemplo de como os socialistas sabem ultrapassar as dificuldades:
«Os princípios da Constituição Europeia vão ser divulgados aos cidadãos espanhóis através do programa televisivo "Big Brother", anunciou hoje o diário El Mundo. A ideia partiu da directora do 'reality-show' em Espanha, Mercedes Milá, e conta com o visto positivo da vice-presidente do Governo, Maria Teresa Fernández de la Vega. "Qualquer programa de televisão que se dedique a explicar a Constituição Europeia parece-me muito bem", afirmou a vice-presidente em conferência de imprensa. Como parte de uma das provas do concurso, os participantes do "Big Brother" espanhol dispõem então de uma semana para aprender os princípios básicos da Constituição, para depois explicá-los a uma cidadã polaca que não sabe falar espanhol. "Qualquer coisa que sirva para fazer chegar aos espanhóis os princípios da Constituição Europeia nos dias que correm é positiva", reiteraram fontes da vice-presidência.» Pergunta: Porquê uma polaca? Desafio: Pôr o José Castelo Branco a explicar as perguntas do referendo à porca da Quinta das Celebridades. [Inês Teotónio Pereira] |
Novos provérbios populares
Para onde o país mediático se inclina, o oportunista opina
Se alguém é de outra opinião, desanca-o na televisão Escreve e terás, acusa e verás Se queres que digam bem de ti, diz mal dos outros Quem assiste ao congresso do PCP, é porque não tem DVD [PPM] |
O PCP está para a Igreja Católica como o Bloco de Esquerda está para a IURD
Não percebo quando se anuncia a morte do PCP por causa dos seus desaires eleitorais, do envelhecimento dos seus militantes e do decréscimo do número de filiados.
Da mesma maneira que não percebo quando se diz que a Igreja Católica está pela hora da morte porque há cada vez menos padres e militantes católicos e porque não adapta o seu discurso aos "tempos modernos". O PCP copiou o modo de funcionamento da Igreja e adoptou um modelo estrutural idêntico, com um cariz fundamentalmente doutrinário. Não há campanhas eleitorais internas, há nomeações e sucessões naturais. Os dirigentes são escolhidos conforme a conveniência do "colectivo" que se dilui numa rede bem organizada e não porque consegue mais votos ou arrecadar mais simpatias. O secretário-geral do PCP é a representação física, na verdade, daquelas dezenas de pessoas que estão sentadas no estrado do Pavilhão Municipal de Almada. Da mesma forma que os dirigentes da Igreja Católica portuguesa são as dezenas de bispos que constituem a Conferência Episcopal. Carvalhas ou Jerónimo de Sousa, tal como José Policarpo, são apenas um entre iguais. Podia ser outro. Por isso é que, democraticamente, o PCP nunca chegará ao poder. Já o Bloco de Esquerda é fundamentalmente comercial, uma espécie de IURD – neste caso, os padres casam e as mulheres podem ser padres. [Inês Teotónio Pereira] |
Meu caro Luciano Amaral,
Escrevo-lhe atrasado por só hoje ter lido o seu (longo) poste em que elogiava O Acidental, enquanto espaço de pluralismo, demonstrando ainda assim alguma compreensão pelo que o Pedro Mexia está a passar.
Aceitando como argumento a deslealdade orgânica de que acusei o Mexia, o Luciano acrescenta que os partidos de direita têm, eles próprios, sido desleais organicamente a quem lhes tem sugerido políticas públicas. Nesse rol de pessoas (em que agora o incluo a si) inclui também o Pedro Mexia. Gostava de esclarecer, para que não restem quaisquer dúvidas, o sentido das minhas palavras. Li com atenção e paciência o que alguns escreveram a esse propósito. Uns com mais paciência que atenção, confesso. A título de exemplo refiro aqui o Paulo Gorjão (acho que é este o seu nome), que, para não variar, disse um conjunto de disparates típicos de quem raciocina de forma pidesca e desmiolada. Mas adiante. Quando falo em lealdades orgânicas falo, obviamente, em termos de espaço político. Não acho relevante que o Pedro Mexia critique ou elogie o Paulo Portas e o CDS: antes pelo contrário, quem recebe e fica inchado com piropos do Eduardo Prado Coelho não pode nem deve elogiar o Paulo Portas, sob pena de tudo isto se transformar em algo ilegível e confuso. Como gosto das coisas claras, e como sou dos que acredita que “não há almoços grátis”, penso que um elogio proveniente de tal senhor traz sempre “água no bico”. Pelo respeito que lhe tenho a si, pelo que escreve e como escreve (não tenho a sorte do Paulo Pinto Mascarenhas e de outros amigos comuns de o conhecer pessoalmente), deixe que identifique aquilo que penso serem duas incorrecções no seu texto. Em primeiro lugar, o Luciano fala em “partidos de direita”. Confesso que fiz um esforço para tentar perceber o plural. “Partidos” de “direita”? As confusões que à “direita” se fazem com o “centro” político são graves e preocupantes. Em segundo lugar, o que quis dizer com o post sobre o Pedro Mexia é mais ou menos o que a Inês Teotónio Pereira escreve ali em baixo sobre a “direita”. O Pedro Mexia tem todo o direito de escrever o que escreve. E eu, tal como o Francisco Mendes da Silva, identifico milhões de fínfias na sua análise. O problema não está aí... a “deslealdade orgânica” não é, como está bom de ver, o “delito de opinião” ou o “desvio de esquerda”. O que penso é que não se pode dizer, por dizer, que a direita vai mal porque não se gosta dos fatos de quem a dirige ou por razões meramente pessoais. São argumentos demagógicos, típicos da esquerda, a quem o Pedro Mexia concede autoridade numa postura totalmente autofágica. Ou seja: o Pedro Mexia preferiu o acessório ao essencial. E isto, meu caro Luciano Amaral, não é aceitável. Com os meus melhores cumprimentos, [José Bourbon Ribeiro] |
Elogio fraternal
Fernando Vale foi completamente diferente de Mário Soares: ele acreditava mesmo naquilo.
[Inês Teotónio Pereira] |
O Manuel Alegre da Direita
Porque discordo da “agenda social” conservadora do partido, não sou militante do CDS/PP. Estou, é certo, próximo da visão de Política Externa e de Defesa defendida pelo CDS, assim como das suas posições económicas mais liberais, que coexistem com uma perspectiva social cristã que pouco me agrada. Quanto a Paulo Portas, reconheço os seus méritos políticos (que são consideráveis), mas também não ignoro as suas limitações (que prefiro não discutir publicamente). Não me sinto “desiludido” nem “traído” por Portas porque nunca acreditei que ele – nem ninguém - fosse o “salvador” da direita portuguesa.
Vem isto a propósito da “questão Pedro Mexia”, suscitada pelo artigo que publicou no Diário de Notícias. Pedro Mexia (PM) tem todo o direito de escrever o que entende, sobre aquilo que entende. No entanto, PM não é um “dissidente” nem um “heterodoxo” porque, no espaço da direita democrática, não há dogma nem ortodoxia. Contrariamente ao Zé, eu não espero, nem nunca esperei, lealdade (orgânica ou outra) do Pedro Mexia. Tenho apreço intelectual pelo Pedro, e estima pessoal. Mais nada. Todavia, incomoda-me verificar que as críticas de Mexia ao CDS são pessoais, resultantes de uma certa amargura e, eventualmente, de algum ressentimento. O problema é que o artigo do Pedro não é político; o problema de PM é com Paulo Portas – e, portanto, do foro pessoal. Sobre as suas razões, só PM pode saber. Mas vamos aos argumentos de Mexia. Diz que a “oscilação ideológica” do CDS foi negativa porque “a função do CDS, que consistia em apresentar um claro caderno doutrinário, foi sendo corroída pela constante mudança”. PM não parece entender que essas mudanças doutrinárias evitaram o colapso do CDS. São, por outras palavras, fonte da sua força porque corresponderam às mutações na direita portuguesa. Para sobreviver, o CDS adaptou-se às transformações sociológicas na direita. Que queria Mexia? Que o CDS se fechasse – tipo MRPP – num gueto doutrinário enquanto o mundo se transfigurava? Contrariamente a Pedro Mexia, que prefere um partido ideologicamente puro (mas politicamente irrelevante porque ideologicamente estático), eu julgo que o CDS ainda não mudou o suficiente. Que, ao manter um conjunto de “posições de princípio” (por exemplo, no aborto), o partido está afastado da realidade sociológica. Que o CDS/PP deveria ser mais liberal e mais aberto. Mexia dirá que os princípios sobrepõem-se às considerações de poder (é justamente isto que quer dizer quando afirma que a “função” do CDS seria “apresentar um claro caderno doutrinário”). Mas, se assim é, recomendo que o CDS deixe de ser um partido político – que visa conquistar o poder – e passe a ser um mero grupo de reflexão. Ou que se transforme num lobbi de uma causa, como foi o caso do Partido da Solidariedade Nacional. Partidos que deixam de estar enraízados na realidade sociológica e cultural do país morrem. Por isso mesmo, nunca elogiei a coerência ideológica de Álvaro Cunhal e do PCP. Mas se Mexia tivesse razão ao dizer que a “crise” do CDS resulta destas alterações doutrinárias, então a “culpa” da crise não pode ser atribuída a Paulo Portas, como faz Mexia. É, obviamente, muito anterior a ele. Então por que razão é que PM diz que a liderança de Portas tem sido “largamente fracassada”? Afinal, o CDS fez aquilo que os partidos ambicionam: chegou ao poder e está a contribuir para mudar Portugal. Mexia responde: “do ponto de vista partidário, o consulado Portas tem sido nocivo”. Não critica as políticas do CDS, nem a actuação de Portas na Defesa ou de Bagão nas Finanças. Com efeito, Mexia não critica o trabalho político do ministro Portas, critica a actuação partidária do “chefe” Portas. Diz que Portas “acentuou muitíssimo o grande problema que é a personalização do partido (lembremos a tão glosada semelhança de iniciais)”. E acrescenta que “Portas mudou de personalidade pública. Não abrandou a demagogia. Fez versos. Usa gravata. E fato às riscas”. Pedro Mexia pode não gostar das gravatas de Portas, ou dos seus tiques de personalidade. Mas não deveria confundir isso com a substância da actuação política de Portas. Ou seja, Mexia confunde o mensageiro com a mensagem. Simplesmente não gosta do packaging da mensagem – leia-se, não aprecia Portas. Apenas, mostra a sua preocupação com as gravatas e os fatos de Portas. Como crítica política, é curto. Quanto à tão glosada semelhança de iniciais, talvez Portas possa alterar o seu apelido para evitar essa coincidência. Depois de escrever que o CDS está condenado ao fracasso, Pedro Mexia acrescenta que “em certos meios de direita, as pessoas votam indistintamente, conforme os casos, num partido ou noutro. Esses dois factores, que funcionam como uma tenaz, ditarão o fim do CDS como partido autónomo ou viável”. O problema é que a conclusão não resulta da observação. PM deveria saber que este mesmo fenómeno – a flutuação eleitoral à direita – tem, ao longo dos últimos 30 anos, garantido a sobrevivência do CDS. Dito de forma mais simples, o CDS cresce quando o PSD perde a sua capacidade de atracção eleitoral. Ou seja, o CDS conquista votos à custa do PSD. Sendo assim, como é que o CDS pode crescer estando numa coligação com o PSD? Este é o verdadeiro dilema do CDS. Não é Paulo Portas, nem os seus fatos e as suas gravatas. Pedro Mexia tem uma perspectiva excessivamente fulanizada da política. Por isso, está desiludido com Portas e julga que o partido não tem futuro sem o seu líder (ironicamente, na óptica de PM, o CDS também não tem futuro com o seu actual líder). Eis uma perspectiva simplista, uma visão pessoalizada, uma leitura poética da política. Salvaguardando as diferenças, Mexia olha para a direita como Manuel Alegre olha para a esquerda: com os olhos de um romântico que não entende a praxis. É, no fundo, politicamente naive. A verdade é que Pedro Mexia não cometeu delito de opinião contra a direita. Limitou-se a escrever um mau artigo. Compreendo, pois, que queira deixar de escrever sobre a porca da política portuguesa. [Vasco Rato] |
Um elogio único ao PCP
Dizem os comentadores que o PCP tem de “mudar”, “adaptar-se”, “modernizar-se” concluindo que a escolha de Jerónimo de Sousa não é suficientemente eleitoralista para assegurar a sobrevivência do partido.
A política é uma actividade cínica. Se o PCP mudasse de linha, seria acusado de ter feito “concessões ao populismo”. Se o PCP tivesse escolhido um secretário-geral mais actual seria acusado de ter “abandonado os seus valores tornando-se num vazio ideológico”. Tenho para mim que os partidos não são apenas máquinas eleitorais ou instrumentos de exercício de poder. Os partidos são, na sua essência, as ideias e os valores que representam. Nesse sentido para quê mudar? Para quê adaptarem-se? Para ganhar eleições? E depois de ganhas? O que fariam no poder? Governariam sem rumo ou ambição de mudança? Governariam sem ideologia, tornando-se iguais aos outros? Talvez o PCP tenha percebido que ganhar eleições com um partido descaracterizado é substituir o Zé pelo Manel. Talvez os outros partidos é que tenham a aprender com isso. [Rodrigo Moita de Deus] PS: Prefiro a clareza, a honestidade e a ortodoxia doutrinária do PCP, ao embuste eleitoralista do Bloco de Esquerda. Prefiro um PCP estalinista, ao marxismo subterrâneo do Bloco de Esquerda. Prefiro a franqueza do PCP ao ardil eleitoralista e ideológico do Bloco de Esquerda. Ao menos sabemos que são contra a economia de mercado, contra a aliança atlântica, contra a livre iniciativa. Ao menos, sabemos com quem estamos a falar. |
O meu herói
Hoje faria anos um dos meus heróis. Com a vossa autorização, fica um extracto de que eu especialmente gosto: "I thought that it was strange to assume that it was abnormal for anyone to be forever asking questions about the nature of the universe, about what the human condition really was, my condition, what I was doing here, if there was really something to do. It seemed to me on the contrary that it was abnormal for people not to think about it, for them to allow themselves to live, as it were, unconsciously. Perhaps it's because everyone, all the others, are convinced in some unformulated, irrational way that one day everything will be made clear. Perhaps there will be a morning of grace for humanity. Perhaps there will be a morning of grace for me." (extraído do "The Hermit", 1973) Este meu herói chama-se Eugène Ionesco. [Pedro Marques Lopes] |
E ninguém o processa?
Depois do Supremo Tribunal Administrativo ter dado razão à Câmara Municipal de Lisboa no caso do túnel do Marquês, Carmona Rodrigues anunciou que pode processar o Estado pelos prejuízos decorrentes dos sete meses de suspensão das obras, avaliados em cerca de 2,5 milhões de euros. E eu pergunto: será que ninguém vai processar o advogado José Sá Fernandes pela mesmíssima razão, mas sobretudo pelos enormes incómodos provocados aos habitantes de Lisboa? [PPM] |
quinta-feira, novembro 25, 2004
Fecho da edição
Ainda sobre a inocente “Evocação de Yasser Arafat” pelo Movimento dos Generais, resta dizer que se espera um amplo debate sobre o paradeiro dos mil milhões de dólares em ajuda humanitária surripiados à “luta pela independência da palestina”. Quanto à lista de participantes na iniciativa, até à hora de fecho desta edição, não foi possível confirmar a presença de Manuel Monteiro e Freitas do Amaral.
[Rodrigo Moita de Deus] |
A Direita e Portugal
A Direita em Portugal comporta-se da mesma forma que Portugal no Mundo: parece estar constantemente a pedir desculpa por existir. Vive em constante auto-crítica, quando não cai em auto-flagelação. Vive com medo de parecer de Direita, como se ainda estivéssemos em 1975, com pânico de que alguém se lembre de lhe chamar fascista ou beata. Isso vê-se nos comentadores de Direita: em cada três artigos ou intervenções que se fazem em defesa da causa, dois são a dizer mal da causa. "Desculpem lá, eu sou de Direita mas não gosto do fato do gajo e até acho que ele não vai durar muito…"
A Direita é parecida com Portugal. O nosso país é mais ou menos assim: gosta muito pouco dele próprio. Tem medo de parecer português. "Sim, sim, temos sol quase todo o ano, as nossas praias são as mais bonitas da Europa, temos duas casas, dois carros, jantamos fora três vezes por semana, mas este País não vai a lado nenhum…" [Inês Teotónio Pereira] |
Ó tempo, volta para trás…
No próximo dia 29 de Novembro vai ser celebrado o dia internacional de solidariedade com o povo da palestina. Em Portugal a data vai ser celebrada com uma “Evocação de Yasser Arafat e da sua luta pela independência da palestina”. Reparem agora em alguns dos magníficos pormenores desta cerimónia:
·A evocação vai ter lugar na Casa do Alentejo em Lisboa; ·Preside o General Pezarat Correia; ·Segue-se uma sessão de poesia com José Fanha; ·Promovem a iniciativa distintas figuras da nação como o Gen. Vasco Gonçalves, Vasco Lourenço, os Coronéis Vítor Alves e Vítor Pinto e o arquitecto Nuno Teotónio Pereira. O problema é só meu ou há qualquer coisa de suspeito em tudo isto? Esta evocação cheira-me a sequela do “Congresso da Democracia”. [Rodrigo Moita de Deus] |
O Acidental à escuta d’O Acidental e a culpa da “direita” (e ainda uma pequena confissão de fracasso)
(Aviso: texto grande)
Há muito tempo que ando para escrever um post chamado “O Elogio d’O Acidental”. Hoje ele foi mais ou menos escrito, embora não por mim e sim pelo Rodrigo (aqui e aqui). São obviamente idiotas todas as descrições d’O Acidental como o “blog do PP”, o “blog do governo”, o “blog da extrema-direita” e mais mimos quejandos. Toda a gente conhece a tendência humana para ler só o que se quer. Ou para ler o que não se quer e imediatamente esquecer. No caso d’O Acidental, o leitor comum vem para aqui com o bordão na cabeça (“aquilo é o blog do governo do Santana e do Portas”) e mesmo que leia os meus posts a dizer mal do governo ou do Rodrigo a dizer mal do PP ou outra coisa qualquer, lê e esquece. Entendamo-nos de uma vez por todas: isto é o blog do Paulo Pinto Mascarenhas, que é filiado no PP e adjunto do Ministro Paulo Portas. O Paulo (Mascarenhas) criou o blog e depois foi convidando as mais diversas pessoas que lhe passaram na cabeça para aqui debitarem (literalmente) o que quisessem. Por mim falo: as minhas primeiras intervenções n’O Acidental foram para dizer mal do governo Barroso e mal da maneira como o governo Santana se instalou. Fi-lo a medo e dizendo ao Paulo que se não quisesse que não publicasse: luta política é luta política e eu poderia estar a fazer o jogo daqueles que se opunham à solução que prevaleceu. Em cinco minutos aquilo que eu tinha escrito estava publicado, com o Paulo a pedir: manda mais. Eu estava numa fase em que não queria escrever em blogs (à qual regressei em grande medida), mas o genuíno espírito liberal do Paulo levou a entusiasmar-me outra vez e sempre fui escrevendo o que me apeteceu. Enfim, confesso que faço um pouco, não muito, de auto-censura, por simples cortesia - para com o Paulo e o partido e o governo de que ele faz parte – mas se alguma acção do governo me chocasse mesmo muito não hesitaria em criticá-la aqui e sei que o Paulo nada diria (e em privado talvez até dissesse que eu tinha razão – ou então não). Tenho a sensação de que a experiência de todos os outros que para aqui escrevem é parecida com a minha. Desta forma, o Paulo foi conseguindo reunir aqui um conjunto de vozes puramente individuais das mais interessantes que existem na nossa opinião pública (peço desculpa por, imodestamente, me incluir nelas) e não apenas na blogosfera. Só que isto é um blog e é o blog do Paulo. Lá fora (digamos assim) não há nenhum Acidental (nem sequer há os inúmeros outros excelentes blogs de “direita” que por aí abundam). É neste ponto que faço uma pequena revelação estratégica: sempre fui desde o início contra a estratégia primeira d’ O Acidental, que era assumir-se como o anti-Barnabé e o anti-BE. Na minha opinião (que expressei ao Paulo várias vezes) não valia a pena. O Barnabé e o BE não têm nada de interessante para dizer. Como eu disse há uns dias atrás, o Barnabé é, hoje, o mainstream político nacional: mesmo se muita gente não vai a correr votar no BE é naquelas conversetas que acredita. É respeitável estar de acordo com o Barnabé e até participar nele. Não é respeitável estar de acordo com O Acidental e até participar nele. A minha estratégia sempre foi a de sermos nós a marcar a agenda e não andar atrás da deles. Somos nós e outros parecidos connosco quem tem coisas interessantes para dizer e deveríamos estar conscientes disso, em vez do eterno e estafado complexo de que a direita é estúpida. Só que, se calhar, é mesmo estúpida. Outro dia, numa perigosa reunião de direitistas tentei vender outra vez este peixe. De “utópico” a “ingénuo”, passando mesmo por (usando meias-palavras, evidentemente) “palerma”, chamaram-me de (quase) tudo. Não quero defender o Pedro Mexia, cujo percurso recente me entristece e chega mesmo a deprimir (mas enfim, é lá a vida e as escolhas dele). Só que talvez se compreenda a facilidade com que ele se foi aninhando na mundivisão da esquerda (mesmo correndo o risco, segundo me parece, de cair na irrelevância intelectual). O José Bourbon Ribeiro acusou-o aqui de falta de “lealdade orgânica”. Talvez seja verdade. Mas a falta de lealdade sistemática que os partidos de direita devotam àqueles que lhes podiam dar as ideias de governo é um dos mais extraordinários (e também ele deprimente) espectáculos a que se pode assistir. Talvez, muito legitimamente, o Pedro Mexia se tenha cansado de falar para o boneco. Talvez, no fundo, ele tenha razão: o que não vale a pena é tentar oferecer uma agenda política à direita, porque ela não a quer. E assim confesso o meu fracasso: quem estava enganado era eu. O Pedro Mexia muito provavelmente fartou-se da completa falta de solidariedade que a maior parte da direita política lhe oferece e, vai daí, reorganizou a sua cabeça. E fez, se calhar, muito bem. O que estamos nós a fazer todos aqui n’O Acidental? Estamos aqui por causa do Paulo, não estamos aqui por causa da direita “orgânica” ou “organizada”, que se está nas tintas para nós. Basta olhar para a vitória de Bush nos EUA para se perceber que ela ocorreu graças à afirmação de um programa claro, tanto na esfera das relações internacionais como na da organização da sociedade. Em Portugal (na Europa, mesmo) a “direita” vive numa espécie de nihilismo gestionário, com um pendor tecnocrático, que a faz desprezar a afirmação das suas próprias ideias. Isto tem um lado algo burkeano do entendimento da política. Burke preocupava-se sobretudo com o “bom governo” mais do que com grandes manifestações de princípios. O problema está quando o “bom governo” se confunde com os princípios. Burke percebia isso, mas os nossos pequenos burkeanos domésticos não percebem. E enquanto não percebem, o nosso simpático país lá vai caindo mais um bocadinho no buraco em que se meteu há muito tempo. [Luciano Amaral] |
Pensamento do dia
Não há coisa que a esquerda mais goste do que um tribunal. Se for administrativo, ainda melhor. Desde que decida a seu favor, é claro.
[PPM] |
Uma pequena teimosia
Preparei uma longa lista de “católicos profissionais” para agradar ao Carlos Abreu Amorim, mas entendo agora que refutará com veemência cada um deles. Seja porque não são bem “católicos”, porque não são bem “profissionais”, seja porque foram à missa num domingo a meio do mandato.
Recorreu o Carlos às críticas pessoais. Não precisava de o fazer. Sabe Deus que estou distante ideologicamente dos nomes que lhe apontei. O facto é que Sousa Franco foi plenipotenciário do Vaticano, quando já não tinha cargos públicos. Também foi ministro e não lhe conheço caso algum onde possa ser acusado de não ter distinguido a religião do Estado. Guterres é uma alforreca? Com certeza. No entanto, é católico profissional. No entanto, permitiu que o seu próprio partido apresentasse uma proposta de lei sobre o aborto. E Guilherme Oliveira Martins? Obrigou os alunos do secundário a rezarem o terço no princípio de cada aula? E Mota Amaral? Obriga os deputados a penitenciarem-se com ele? O argumento que nos apresentou é demasiado débil para que insista em defendê-lo. Para além do mais, penso que percebo muito bem onde queria chegar. Na realidade, o ilustre Blasfemo queria queixar-se da nefasta influência da Igreja na política portuguesa. A mesma influência que mandou Guterres para o PS e Marcelo para o PSD. A mesma que vai sabotando a educação sexual nas escolas ou a aprovação da lei do aborto na Assembleia da República. Um verdadeiro grupo de pressão e de interferência. Mas as ideias são um mercado livre e quase sempre auto regulável. A inspiração cristã tem tanto direito a existir como o marxismo, o esoterismo ou mesmo o seu anticlericalismo. Posto isto, voltamos ao princípio de toda esta discussão: proibir a difusão política de ideais cristãos e excluir do exercício de cargos públicos todos quantos os professem, é no mínimo antidemocrático, no máximo um exercício de fanatismo. [Rodrigo Moita de Deus] PS: Depois de tanto poste sobre o assunto, arrisco-me a ser beato. |
Novos provérbios populares
Quando o túnel é embargado, grande manchete, muito obrigado.
Quanto o túnel pode ser feito, esconde a notícia, não dá jeito. [PPM] |
Sabiam, não sabiam?
Aquela perguntazinha abstrusa para o referendo europeu foi pensada e escrita pelo PS de José Sócrates. Sim, pelo mesmo Partido Socialista que impediu uma revisão da Constituição que iria permitir a pergunta mais simples que eu conheço para o caso em questão. E que seria: "Concorda com o Tratado para a Constituição Europeia?"
Mas o PS não deixou e foi o PS quem impôs aquela linda pergunta. [PPM] |
Ortodoxias e outros erros que dão jeito (II)
A mesma lógica e a mesma maldade são aplicadas para descrever O Acidental. Sou um convidado acidental e não me cabe a mim definir as políticas editoriais da casa ou sequer servir de advogado para quem não precisa. Mas, pessoalmente, incomodam-me alguns dos rótulos que sub-repticiamente vão sendo colados.
Recuso que um determinado cargo retire o nosso espírito crítico ou a nossa capacidade de análise. A utilização do cerebelo não é inibida em função do ofício, muito embora seja fácil dizer que sim. Recuso que se confunda o termo colectivo com colectivização. Generalizar sobre os convidados do Acidental sem o ler é preconceito; lendo é um exercício de má fé. O Paulo discorda dos comentários económicos do Luciano, o Luciano discorda dos meus comentários sobre política externa, o Rodrigo discorda das posições do Vasco Rato que pode ou não concordar com o Diogo. Recuso também a tentativa de colagem do Acidental a um determinado partido e sobre isso só posso fazer de meu próprio porta-voz. Repito: não sou militante do CDS, não sou simpatizante do CDS, nem sequer do seu líder. E também não tenho grandes problemas em admitir que não foi neste governo que votei. Existe um outro rótulo que alguma blogosfera insiste em colar ao Acidental: o de “extrema-direita”. Sobre este tema não perco mais de duas linhas. É um disparate ideológico de quem padece de falta de leitura. [Rodrigo Moita de Deus] |
Ortodoxias e outros erros que dão jeito (I)
Falar de ortodoxia no espaço “não socialista” da política portuguesa é uma tentação fácil para os fracos de espírito. E o termo “não socialista” aplica-se com exactidão doutrinária, pois esse é o único ponto em comum entre tanta gente, tão diferente, a que normalmente se chama de “direita”.
Mas esta "direita" é uma mescla riquíssima de liberais, sociais-democratas, conservadores, neo-conservadores, democratas cristãos e outros que vai de Manuel Monteiro a Marcelo Rebelo de Sousa, passando por Paulo Portas. O “não socialismo” está cada vez mais abundante, mas seria um erro tentar catalogá-lo simplesmente como “direita” e outro erro ainda maior falar de ortodoxia. Discordamos sobre a intervenção no Iraque, sobre o alargamento da União Europeia, sobre a política orçamental e mesmo sobre este governo. Em linguagem blogosférica esta pérfida matriz até implica colocar no mesmo saco o Paulo Mascarenhas e o Pacheco Pereira na companhia do Carlos Abreu Amorim. Quem, dentro do espaço centro-direita, se queixa da ortodoxia também é fraco de argumentos. Mais ainda quando recorre à triste comparação com o Partido Comunista Português. É não querer entender que a distinção entre o PCP e todos os outros partidos é ausência de uma vida interna plural e democrática. É não querer entender que o debate “interno” já existe. Mas nem o Partido Comunista, nos seus piores dias, deixou que os fatos às riscas de João Amaral se tornassem em crítica ideológica. Estas generalizações foram um daqueles precedentes que o discurso do Bloco de Esquerda criou e que a “direita” aceitou com candura. E, pasme-se, acabou por assimilar. Foi ingénua a “direita”. [Rodrigo Moita de Deus] |
A liberdade também devia ser nossa
No final dos anos 80 e no princípio dos anos 90, Paulo Portas e Miguel Esteves Cardoso convidaram para escrever no seu jornal, que se afirmava descomplexadamente de Direita, vários "independentes" - uns mais próximos da Direita e outros mais próximos da Esquerda. Nenhum era "filiado".
Vasco Pulido Valente, José Bénard da Costa, Leonardo Ferraz de Carvalho, Augusto Cid, Maria Filomena Mónica, Constança Cunha e Sá e muitos outros. Escreveram, sempre com inteira liberdade, o que lhes apeteceu, quando lhes apeteceu e sobre quem lhes apeteceu. Por aquele jornal passaram todos (consta que até Francisco Louçã) e quase todos eram legíveis. Na altura, o país era governado pelas maiorias absolutas de Cavaco Silva e as principais críticas dos editoriais que encantavam as actuais gerações de comentadores da blogosfera - e não só - dirigiam-se contra o pensamento único da esquerda politicamente correcta, o controlo da imprensa, os tecnocratas e burocratas europeus, o limite das liberdades, o cinzentismo latente, o intervencionismo excessivo do Estado, a cultura tacanha, o despesismo e o compadrio. Aclamava-se o arrojo, a independência, o atrevimento, a inteligência, a crítica e, acima de tudo, a liberdade, que até à data era um termo de que a Esquerda se tinha ilegitimamente apropriado. Paulo Portas, mais do que todos os outros, revolucionou a imprensa e deu palco a quem merecia ser lido. Hoje, Paulo Portas é ministro e líder do CDS. Hoje, quase não há palco para ouvir, ler ou discutir quem realmente apetece ler, ouvir ou contestar. Os comentadores "independentes" notabilizados – uns mais próximos da Direita, outros mais próximos da Esquerda – são escassos e não trazem nada de novo. O panorama nacional é dramático: António José Teixeira, Pacheco Pereira, Miguel Sousa Tavares, José Manuel Fernandes, ocuparam o lugar dos vascos, dos leonardos e dos bénards dos dias hoje. E o pior não é isso. O pior é que aqueles que têm um propósito, que são inteligentes e cultos, que podiam marcar a diferença, sem desonestidade intelectual, não o fazem ou não o podem fazer. Paulo Portas e outros já demonstraram como isso pode e deve ser feito. Agora só falta fazer, antes que seja tarde. Antes que o arrojo, a independência, o atrevimento, a inteligência, a crítica fundamentada e, acima de tudo, a liberdade, passem de novo a ser um património exclusivo da Esquerda cínica e intelectualmente desonesta. [Inês Teotónio Pereira] |
O verdadeiro filho da puta
Ora aqui está uma boa oportunidade para ficarem todos a perceber o que é realmente para mim um filho da puta. Encontrei um caso exemplar: é este almocreve da peta, quando se mete onde não é chamado e logo salta para o insulto fácil, chamando-nos de extrema-direita.
Um anónimo filho da puta. [PPM] |
quarta-feira, novembro 24, 2004
Greve!
"14 jornalistas do noticiário do primeiro canal da televisão estatal da Ucrânia declararam-se, esta quarta-feira, em greve por recusarem continuar a emitir «informação falsa», noticiou a agência russa Interfax. «Recusamos dar informações que não sejam verídicas. Não queremos trabalhar na ignorância e assumir a responsabilidade pelas mentiras», segundo um comunicado dos jornalistas citado pela agência russa. O texto informa que, nas últimas semanas, os jornalistas tentaram negociar com a direcção da televisão pública as formas de garantir uma informação «equilibrada e objectiva», mas fracassaram. «Vencemos o medo porque há um sentimento que ainda é mais forte: a vergonha», dizem no comunicado. Dezenas de jornalistas demitiram-se nas últimas semanas dos seus postos de trabalho em vários canais da televisão ucraniana, em protesto pela censura imposta pelo actual governo, dirigido pelo presidente cessante Leonid Kutchma e pelo primeiro-ministro e candidato do poder, Viktor Ianukovitch." (fonte TSF) Nada como ver realmente censura governamental, para pôr as coisas em perspectiva. [DBH] |
And nobody saw it coming?
O PM fez um reajuste no elenco governamental e as obras do túnel do Marquês vão continuar.
... E ninguém avisou? Não houve fugas para a Imprensa? Para o BE? O dirigente do Bloco de Esquerda Francisco Louçã acusou o primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, de ser o principal "foco de confusão". Louçã ficou confuso, portanto, não estava à espera disto. Uma mudança à Cavaco Silva sem três dias de aviso? Afinal a Presidência da República não estava contra o Governo? Coitado. Não o avisaram. [DBH] |
Inverta-se o argumento
Caro José Teixeira,
É tão difícil avaliar um católico que soube separar o Estado da religião, como outro que não o soube fazer. E, no entanto, apesar destas dificuldades, Buttiglione ficou fora da comissão europeia. E proponho também que se inverta a lógica do argumento em relação a António Guterres. Se o primeiro-ministro da nossa república se tivesse realmente subalternizado em relação à Igreja, nunca teria autorizado que o seu próprio partido apresentasse uma proposta de lei sobre o Aborto. Fala o meu amigo de Guterres se ter ajoelhado. Nessa matéria, confesso as minhas culpas. Mesmo não sendo católico “profissional”, nem sequer muito praticante, também eu me teria ajoelhado. [Rodrigo Moita de Deus] PS: Que inveja tenho dessa escrita! Mais do que o Brasil, foi África que mudou – e muda ainda – a minha estafada língua. E que coisa bonita fizeram dela. Abaixo os puristas! Abaixo os ortodoxos! Que se envergonhem eles todos ao ver palavras dançar assim. |
Conversas cruzadas
Defender o comportamento francês na Costa do Marfim criticando a intervenção americana no Iraque é contraproducente. Fica a defesa de Paris mal servida e a crítica à política americana mal fundamentada. Em última instância, e para além de todas as restantes considerações, as interferências francesas na costa ocidental de África são objectiva e directamente prejudiciais para os interesses portugueses.
Por isso mesmo não compreendo que um português lhes possa fazer a apologia, especialmente para efeitos de um debate que ambos já concordámos estar cheio de vícios. Era só isso que queria dizer. [Rodrigo Moita de Deus] |
O medo é o melhor amigo da intolerância
Ontem finalmente aprendi porque existem pessoas que não gostam de ouvir os outros. Medo. Medo de serem comparadas. Medo de perder as suas convicções. Medo que aprender seja uma forma de subalternização.
[Rodrigo Moita de Deus] |
Road map to life
Todas as fases da vida de um Homem podem-se resumir em oito perguntas:
·Quando é que arranjas uma namorada? ·Quando é que acabas o curso? ·Quando é que arranjas um emprego? ·Quando é que te casas? ·Quando é que tens um filho? ·Quando é que tens outro filho? ·Quando é que tens netos? ·Quando é que te reformas? É no mínimo irónico que nenhuma destas perguntas se refira directamente à palavra felicidade. [Rodrigo Moita de Deus] |
O Acidental à escuta
Marretada poética de primeiríssima água. O Acidental recomenda vivamente o livro “Como ficar estupidamente culto em apenas dez minutos”, congratulando vivamente os autores por mais este contributo para a Humanidade.
[Rodrigo Moita de Deus] PS: É complicado assegurar o sucesso comercial da obra quando o mercado potencial parece já ter adquirido um livro concorrente de nome muito semelhante: “Como parecer estupidamente culto em apenas dez minutos”. |
Sinceramente (II)
No meu limitado vocabulário, comparar o trajecto político de alguém ao de Freitas do Amaral não é chamar-lhe "filho da puta", como parecem pensar o Pedro Mexia ou o Fernando Albino. É, muito prosaicamente, comparar o trajecto político de alguém ao de Freitas do Amaral. Quando eu quero chamar a alguém filho da puta chamo-lhe filho da puta. O que, no caso em apreço, não faria qualquer sentido nem teria qualquer correspondência com a realidade.
Ao contrário do que poderá pensar o Pedro Mexia, ou o Francisco Mendes da Silva, na minha crítica ao artigo do "DN" não se incluíam quaisquer sentimentos pessoais, fossem de desilusão ou de traição. O Pedro Mexia sabe e eu faço questão de repetir que tenho por ele grande estima pessoal e intelectual (eu sei que esta última é uma palavra de merda, como diz o Francisco lá em baixo, mas também é a que está mais à mão). Não fui movido ainda por qualquer tentação ortodoxa de atacar um "desvio de esquerda", como lhe chama o Pedro. Bem pelo contrário, considero até que falta discussão ideológica no CDS. Só que a responsabilidade não é, a meu ver, de Paulo Portas. Bem pelo contrário. Também ao contrário do que escreve Pedro Mexia, abomino ortodoxias e O Acidental é a melhor prova disso mesmo: bastaria ler as opiniões mais diversas dos colaboradores acidentais sobre este episódio para o provar à saciedade. O problema do artigo do Pedro no "DN" é que constrói a sua tese a partir de mitos comuns da esquerda sobre o CDS e só muito raramente tem alguma coisa a ver com a realidade, passada ou presente (sobre este assunto, basta-me recomendar a leitura do que escreveu o Diogo Belford Henriques). Se há sentimentos de desilusão ou de traição em toda esta história eles saíram directamente do teclado onde se escreveu "O fantasma do táxi". O que me parece é que - e não leiam isto como uma crítica - o Pedro Mexia está cada vez mais "Fora do Mundo", tanto no que diz respeito ao CDS, como também no que tem escrito mais recentemente sobre a guerra no Iraque, tanto ainda sobre o que estava em jogo nas eleições americanas. Se isso é bom ou mau, positivo ou negativo, já não me compete a mim avaliar. Limito-me a exercer o direito à crítica que me é concedido pela blogosfera. E não posso deixar de acrescentar que tenho saudades de ler o "outro" Pedro Mexia, o combativo blogger que destroçava com argumentos fulminantes as hostes da esquerda gritante. [PPM] |
O engano
Noto que mesmo entre os mais avisados existe a ideia que o Bloco de Esquerda não é perigoso porque não é importante. Porque não tem peso político suficiente para tomar decisões.
É uma ingenuidade pensar assim. O discurso radical do Bloco de Esquerda condiciona as decisões, as tácticas do Bloco de Esquerda desacreditam o sistema democrático e a irresponsabilidade demagógica cria padrões. Mas este monstro cresce muito por nossa culpa. Porque quando aceitamos pacificamente que a vida política decorra sem grande conteúdo doutrinário, criamos um vazio que o radicalismo – de direita ou de esquerda – trata imediatamente de preencher. [Rodrigo Moita de Deus] |
Pragmatismo e segurança
Sou o único que acredita que nem a União Europeia nem os Estados Unidos devem intervir no que se está a passar na Ucrânia? Especialmente se isso significar a “entrega” do país à Rússia de Putin?
[Rodrigo Moita de Deus] |
Atalho de esquerda
Tenho a infeliz impressão que esta "questão Mexia" não é a primeira nem será a última.
Pessoalmente gosto muito de o ler e, politicamente, considero importante que exista um "colunista-intelectual-opinion-maker-what-ever" de direita. E é importante que diga mal do que não concorda, e todos defendemos a liberdade estrutural com que o faz. Mas não quero deixar de explicar o que é que não gostei, no artigo que ontem PM publicou: A síntese da história política do CDS está mal feita. Considerar que Adriano Moreira é um sóbrio conservador indica apenas que PM nunca leu o que de mais importante o Professor escreveu, o que é uma pena. Para o Pedro. Quanto ao restante, PM desfila os figurinos de direita com que o CDS se apresentou ao eleitorado. Mas associa tal transformismo às personalidades dos líderes (o que o leva a colocar Adriano como conservador, para a teoria dar certo) e não à evolução política do nosso País. O CDS lutou pelo centro, democrático e europeu, durante um PREC radicalizado entre a esquerda e a estrema-esquerda. Mostrou-se liberal e europeu num Portugal estatizado e paralisado. Quando a europeização se tornou moda, com um desenvolvimento economicista, à custa das pessoas, o CDS personalista e democrata-cristão lembrou valores essenciais. Quando o europeísmo se tornou obrigatório o CDS puxou a discussão para o lado de cá (e foi longe de mais, na minha opinião). Desde 98, o PM descreve bem a história, porque já a conhece melhor. O erro de PM não é achar que o CDS devia apresentar um "claro caderno doutrinário", é pressupor que este caderno seria dogmático. Nunca foi. Mas a parte menos importante do artigo é a que alguns poderiam julgar como ofensiva para o actual CDS - a profecia do fim após o Governo. É a profecia habitual, já proclamada tantas vezes e tantas mesmas vezes provada errada. PM, na sua passagem breve pelo CDS não percebeu que este partido tem no seu seio várias sensibilidades de direita, que nascem e renascem dependendo do que está em jogo - o direito à vida, a liberdade económica, etc. - e até hoje, nem que seja de táxi, nunca deixaram de se expressar. Curiosamente, para os que viram nesse texto um ataque ao CDS, PM avalia como boa a acção do CDS no governo. E, pergunto-te eu Pedro, não é exactamente isso que é suposto ser mais importante para um partido? O que vem depois? Depois veremos. Mas mau seria se um partido no poder estivesse preocupado com o que será depois do actual líder ser ministro, em vez de tentar governar o melhor que pode. E, pelos vistos, sabe. Também não gostei de alguns comentários superficiais, porque já me habituei a ouvi-los dos comentadores de esquerda. Isto não quer dizer que o Pedro tenha feito um desvio para a esquerda. Apenas que não foi original. O que é uma pena pois Mexia é melhor do que isso, é mais profundo do que isso. E, caro Pedro, se a direita gosta de cavalos vencedores, também é verdade que procura ver-lhes os dentes, e essa saúde é a confiança que se ganha com as responsabilidades assumidas e a promessas cumpridas. A dita "accountability" que correctamente valorizas. E ainda bem. [Diogo Belforf Henriques] |
Rus Kiev
Há um assunto que é demasiado importante para nos darmos ao luxo de passar ao lado. A Ucrânia é um país dividido. Não é uma constatação pós-eleitoral, é uma verificação óbvia quando se viaja através desse enorme país europeu. No oeste há quem fale inglês e os letreiros e os reclames das lojas estão escritos em alfabeto latino, no leste não há uma palavra que não esteja em cirílico. No lado ocidental desconfia-se do oriental, "infestado de russos e tchetchenos" como me disseram uma vez. No Leste, menos desenvolvido, há minas abandonadas, indústrias fechadas e muita imigração cladestina (sim, há quem emigre PARA a Ucrânia). Há dois meses foi pedido, pela campanha de Yushchenko, que pudesse ter observadores nas mesas de voto em Portugal. A Juventude Popular (a mesma que tu, Rodrigo, achas que serve apenas para disputar concelhias) foi indicada para este efeito por um dos partidos. O MNE ucraniano recusou observadores nas suas embaixadas europeias. Putin tem alguma razão quando afirma que não se pode colorir os candidatos apenas como pró-ocidente ou pró-russia. Mas posso dividir entre passado e futuro. Entre uma presidência que aprisiona e expulsa jornalistas, que controla a polícia secreta, com sonhos imperiais... e uma democracia liberal europeia, aproximando-se da UE e da NATO. Neste momento estamos a assistir à disputa pela fronteira da Europa. A Russia apressou-se a congratular um dos candidatos, mesmo contra os resultados da primeira volta e das sondagens, antes da publicação final dos votos. Hoje mesmo ameaçaram terminar com a viabilidade da OSCE, que tem observadores no campo. Hoje, no frio, na Ucrânia, joga-se o tabuleiro geopolítico do sudeste europeu. Por uma UE que pode ter neste país a sua fronteira última, pelos EUA na luta contínua pelo controlo da zona entre o Mar Negro e o Mar Cáspio. E pela Federação Russa, que teme assim ser emparedada entre a UE a oeste e estados-pipeline controlados pela América a Sul. Esta UE que continua por se definir, e por isso mesmo, não sabe como se relacionar com a Russia. Hoje já não há "buffer-states", apenas direitos humanos e democracias... são os povos que escolhem, dizem. Pois, estamos a ver... [DBH] |
terça-feira, novembro 23, 2004
El Desdichado
Je suis le Ténébreux, - le Veuf, - l'Inconsolé,
Le Prince d'Aquitaine à la Tour abolie : Ma seule Etoile est morte, - et mon luth constellé Porte le Soleil noir de la Mélancolie. Dans la nuit du Tombeau, Toi qui m'as consolé, Rends-moi le Pausilippe et la mer d'Italie, La fleur qui plaisait tant à mon coeur désolé, Et la treille où le Pampre à la Rose s'allie. Suis-je Amour ou Phébus ?... Lusignan ou Biron ? Mon front est rouge encor du baiser de la Reine ; J'ai rêvé dans la Grotte où nage la sirène... Et j'ai deux fois vainqueur traversé l'Achéron : Modulant tour à tour sur la lyre d'Orphée Les soupirs de la Sainte et les cris de la Fée. Gérard de Nerval (Para o Pedro Mexia) [DBH] |
Ficheiros secretos na blogosfera
Eu sei, por experiência própria, que se escrevem os maiores disparates na blogosfera. Eu sei, repito, por experiência própria - e quem nunca escreveu um disparate na blogosfera ou noutro sítio qualquer, pode atirar a primeira pedra a si mesmo, porque é sinal de falta de juízo ou simples presunção de infalibilidade. Mas - lá vem o mas que calha sempre bem nestas alturas - este disparate escrito pelo Paulo Gorjão entra definitivamente para o primeiro lugar do livro de recordes dos maiores absurdos alguma vez escritos na blogosfera e noutros meios de comunicação social e parassocial, incluindo redacções da quarta classe e exames do secundário. Eu, se não o conhecesse - será que conheço mesmo, não terá sido por acaso uma alma danada ou um vírus pós-socrático que tomou conta do cérebro dele? - diria que o homem ensandeceu e já confunde alhos com bugalhos, jornais privados com departamentos governamentais e opiniões com ameaças.
Diz-me que és mesmo tu, Gorjão, mas eu não sei se acredito. [PPM] |
Finalmente!
O Carlos Abreu Amorim assumiu que para ele o exercício de cargos públicos em estados laicos, não é compatível com o catolicismo “profissional”. O Carlos limitou-se a escrever o que muitos tomam por verdade e certeza, mas poucos têm a coragem de afirmar. Só lhe posso agradecer. Levou tempo, mas finalmente, sabemos o que estamos a discutir. Em jeito de prova, acrescenta: "gostaria que me apontassem o caso em que um católico "profissional", no exercício de um cargo de poder fez essa higiénica, mas buttiglionamente idílica, separação Kanteana entre a religião e o Estado”.
Em Portugal, só à minha esquerda, lembro-me logo de três: Ramalho Eanes, Sousa Franco e António Guterres. E agora? Prefere o meu amigo mudar de ideias? De argumentos? Ou de conversa? [Rodrigo Moita de Deus] |
A angústia de um monárquico
Na semana passada SAR D. Duarte de Bragança dava (mais) uma entrevista à revista Flash. Depois da Caras, Lux, Nova Gente e Vip, desta feita foi a Flash a ter direito a um “exclusivo” com a família real. Não se conhecendo uma única ideia de D. Duarte para o país, pergunto-me se o Senhor é pretendente ao trono ou a um lugar na Quinta das Celebridades.
[Rodrigo Moita de Deus] |
Sinceramente, ainda mexe
Se algumas vantagens retiro desta minha fraqueza anglo-saxónica, uma delas é o gosto pela discussão pública da vida interna dos partidos, das suas opções ideológicas, das suas estratégias pontuais, das suas referências pessoais. É coisa pouco vista em Portugal, pelo menos a um nível substancialmente acima do rasteiro, mas que em outros países mais civilizados é tema normal em jornais, revistas e programas de rádio e televisão, países onde a militância partidária não é vista por jornalistas como a pertença a uma qualquer seita maligna e onde o exercício livre da opinião, mesmo por gente assumidamente engagée não é tido como uma excrecência ligeiramente incomodativa. É uma lição que me é dada de cada vez que leio, por exemplo, a Spectator, o Telegraph, a New Statesman ou o Guardian e que não tenho a mínima intenção de recusar, por muito que me chamem de "novo-rico" ou, como algures aqui, de "pequeno lorde".
Daí não concordar minimamente com o tom com que o PPM e o JBR se atiraram ali em baixo ao Pedro Mexia, por causa do artigo de hoje no DN. O post do PPM ainda percebo, precisamente na lógica da discussão (o Pedro foi evidentemente simplista em muito do que disse), mas existe nele um certo tom de desilusão e traição, que no do JBR é a única coisa visível, e que não tem razão de ser. Porque não só o Pedro Mexia pensa como bem entender, como não é militante do PP, como, mesmo que o fosse, poderia pensar como bem entendesse e exprimir o que bem entendesse (se, sendo militante do PP, teria os espaços que tem para escrever e falar, enfim, essa é outra história). O artigo do Pedro coloca algumas questões pertinentes, com cujas respostas não concordo. Aliás, como também já disse noutras paragens (nas quais, reparo agora, o Fernando Albino acaba de me tirar grande parte dos argumentos, o estúpido!), acho que há um afastamento algo programado e forçado dos partidos, assim uma espécie de independência chique que lhe vem mais do medo do que da razão. Para além de que considero estar o Pedro enganado na maior parte do artigo. Existe, desde logo, uma deficiente verificação dos factos, não quanto à alegada dependência do PP relativamente a Paulo Portas, mas quanto ao papel do próprio nessa dependência. Não me parece, de todo, que Paulo Portas tenha como objectivo o culto do chefe e a criação de um partido centrado em si e na sua força salvífica. É verdade que isso é, em grande medida, o que acontece. Mas isso é algo de inelutável, quer nos partidos pequenos, quer até nos grandes, quando têm à frente líderes fortes e carismáticos (a palavra é uma palavra de merda, eu sei, mas serve o propósito). Lembremos Freitas, Lucas Pires, Adriano Moreira, Monteiro, Sá Carneiro, Soares ou Cunhal. A mim, confesso, é coisa que pouco incómodo me provoca. Eu só sou do PP por causa de Paulo Portas e do Miguel Esteves Cardoso. Este nunca esteve sequer próximo do partido e o primeiro aderiu depois de mim. Mas foi pelo que deles lia no início da adolescência (da minha, bem entendido) que me iniciei nesta coisa da política. Pelo que, para mim, bem vistas as coisas, o PP sempre foi um partido unipessoal. Como não tenho aspirações a ser um "intelectual" (pronto, outra palavra de merda), dou mais importância às pessoas do que às ideias. Se um dia o Pedro Mexia formar um partido, farei tudo para poder acumular militâncias. Repito: discordo do artigo do Pedro em quase tudo (desde o que já referi até ao facto de haver realmente uma indefinição ideológica, passando pela aversão aos fatos às riscas - a propósito, se alguém souber onde é que posso comprar um daqueles de traçar, agradecia o contacto). O que me distingue é que eu não me desiludo. Porque a mesma razão pela qual ele sentiu que devia escrevê-lo é precisamente a mesma que o fez escrever isto: A família Kirkby é uma simpatia (não ironizo). São uns bifes impecáveis, com bons modos e gravata a condizer, mas dá-lhes para a esquerdalhada. Ninguém é perfeito. Quanto ao PP, não creio francamente que sejam de extrema-direita, como disse o Carvalho da Silva. Repara que eu conheço bastante bem a extrema-direita, e poucas pessoas dessa área são do PP (os que eram desfiliaram-se recentemente). Acredita que há mais gente extremista no PSD do que no PP, até pelo perfil salazarista do Cavaco e por causa de o PSD ser um partido de poder, ao contrário do PP, que só o é de vez em quando. Há no PP uns tantos tipos da direita desbocada, como Rosado Fernandes, e existem vários cinzentões e gente irrelevante, mas só raramente detecto afirmações destas. O PP não tem nada a ver com o partido do senhor Haider, sejamos sérios, que é um partido filo-nazi. O PP é composto por conservadores, um ou outro democrata-cristão e um ou outro liberal. Residualmente existe gente mais extremada, mas confesso que as pessoas que até hoje ouvi dizerem coisas como «pretos para África» ou «morte aos maricas» são todas da área do PSD e da ND, e um ou outro nem votam. O populismo, um dos problemas sérios do PP, não é necessariamente de extrema-direita, cada partido tem o seu populismo, para o seu eleitorado. É sobretudo uma forma pouco exigente de fazer política, e lamento sempre que isso acontece, e escreverei todos os posts que sejam necessários a denunciar essa tendência. Agora o que existe é uma tendência da esquerda para considerar «extremistas» certos assuntos, como os da imigração ou da segurança; quem os traga á baila é sempre um perigoso fascistóide. E isso não aceito. A imigração e a segurança (por exemplo) são temas determinantes, e é preciso que sejam discutidos e resolvidos precisamente para evitar tentações extremistas. Não se pode é criar temas tabu. Não há temas extremistas, apenas respostas extremistas. E não tenho visto muitas respostas extremistas da parte do PP, mas sobretudo tiros no pé e navegação à vista. A criação de um partido à direita do PP pode aliás contribuir para evitar qualquer radicalismo do partido, que talvez caminhe, aliás, para uma fusão com o PSD, formando uma tendência claramente à direita num partido com pendor centrista. Os partidos do centro direita e da direita são para nós instrumentos para defender as ideias nas quais convictamente acreditamos. Mas não temos espírito de seita, e daí não contes com os Infames para fazer política partidária. [FMS] |
Com amigos destes…
Para além do teor das suas declarações, era bom constatar que sempre que Mário Soares fala, Sócrates perde tempo de antena, protagonismo e credibilidade como líder da esquerda. Alguém pensa que isso é por acaso?
[Rodrigo Moita de Deus] |
Chamem o Ferro
Porque é que ninguém de jeito quer ser candidato pelo PS à Câmara Municipal de Lisboa? António Costa recusou. Jorge Coelho, nem pensar. Mega Ferreira, idem aspas. A coisa chegou a tal ponto de rebuçado que o Partido Socialista até já admite Ferro Rodrigues como possibilidade. Não se arranja melhor?
[PPM] |
Lembrete
Consta que Manuel Monteiro vai encontrar-se com o líder do Partido Socialista. Certamente para apresentar cumprimentos. Certamente para informar que existe.
[Rodrigo Moita de Deus] |
Sinceramente
Não queria escrever o que se segue, porque aborrece-me discutir assuntos “internos” em público. Refiro-me, é claro, ao texto de Pedro Mexia no "DN" de hoje. Aborrece-me, porque prezo a pessoa e o intelectual em causa - e estou completamente à vontade para o dizer porque julgo ter sido um dos primeiros a promover o seu talento na imprensa escrita em Portugal quando ele se dedicava a combater a esquerda dominante na saudosa Coluna Infame.
Parece-me, porém, depois de ler a opinião de hoje, que Pedro Mexia conseguiu a suprema façanha de alcançar, em apenas dois anos, um trajecto político semelhante ao do Prof. Freitas do Amaral nos últimos 30. O facto é que, no essencial, este artigo de Pedro Mexia poderia ter sido assinado pelo antigo presidente do CDS. O que lá se lê não é novo nem muito diferente do que foi repetido por Freitas do Amaral no Congresso da Democracia. O problema é precisamente a superficialidade e a falta de substância política. Reduz-se a discussão sobre o CDS a um problema estético, de gravatas, versos e fatos às risquinhas. Eu esperava um bocadinho mais. Sinceramente. [PPM] |
Mexiam mas já não mexem
Afinal, a Geração de 70 é igual à de 30: velhos rabugentos sem identidade nem lealdade orgânica. Em comum, têm um grande e promissor passado pela frente. Um verdadeiro erro de casting.
[José Bourbon Ribeiro] |
Um palavrão explicado
Caro Pirata,
Bons olhos o leiam. O “ilustre escriba, dono de pena refinada e arguta”, agradece o louvor e retribui a saudade. Percebo a razão de tanto assombro. Este copista raramente deixa mancha nas suas missivas. Mas reconheço que não sendo estético, harmónico ou sequer muito recomendável, a obscenidade tem um forte poder de interacção com os destinatários. Quanto à escolha do léxico, sabe o meu amigo que tenho outras preferências. Dependesse da vontade e a Pátria talvez levasse uma “arrieirada entrefolhos”, talvez uma “destroncadela” ou para ser sublime, uma “destroncadela na cloaca” – injúrias que tenho como predilectas. Mas os tempos são outros. Sacrifica-se o requinte em nome da inteligibilidade e estas coisinhas boas guardam-se para os amigos. [Rodrigo Moita de Deus] |
segunda-feira, novembro 22, 2004
Estrofe única sobre o Bloco de Esquerda
Morre Marx, sobrevive o manifesto.
Vive Estaline, ergue-se um império. Cai o muro em final funesto. Terá sido um mistério? Findou-se a comuna e o fundamento Sobram estes que aqui vemos O bloco é um bom exemplo da esquerda que ainda temos. [Rodrigo Moita de Deus] |
O Acidental à escuta
Dois postes a não perder no Mar Salgado. Aqui e aqui. Só é pena que o Vasco Lobo Xavier não escreva mais e o Nuno Mota Pinto esteja em banho-maria.
[PPM] |
Estes americanos são uns facínoras
Os Estados Unidos vão fornecer 22 milhões de dólares (16,8 milhões de euros) de ajuda a Timor-Leste no próximo ano e continuar a restringir a ajuda militar à Indonésia. A decisão foi tomada pelo Congresso norte-americano e está contida no orçamento para o próximo ano aprovado no sábado.
Em teoria, a ajuda a Timor-Leste poderá ser ainda maior porque a legislação afirma que "não menos do que 22 milhões de dólares serão disponibilizados para ajuda à República Democrática de Timor-Leste". Contudo, analistas afirmam que é pouco provável que o governo norte-americano decida fornecer mais do que essa quantia, pois ela é já em si superior ao que tinha sido pedido pelas autoridades timorenses. Agência Lusa [PPM] |
Mensagens criptadas da semana com destinatários incluídos
Há muitos críticos de hoje que amanhã exclamarão hossanas.
Ser do contra é uma profissão muito lucrativa nos dias que correm. Fazer parte das Novas Fronteiras vai ser muito prestigiante, pelo menos até 2006. Depois se verá como o prestígio é efémero. Mais vale só, do que mal acompanhado. Um grande poste às vezes esconde um homem pequeno. Se queres ser um bom esquerdista, põe sempre a culpa na sociedade e no Ocidente. [PPM] |
O preço certo
Parece que o primeiro-ministro terá dito que estava chegada a hora de o Estado ceder definitivamente a posição que detém na PT. Se todas as confusões recentes com a PT conduzirem a este fim, ainda bem que elas aconteceram. Já agora, arranjem-se também umas confusões com a RTP, a CP, a TAP, a Carris, a EPAL, etc. etc.
Se esse for o preço a pagar para que o Estado saia de actividades onde não deve estar, pague-se. [Pedro Marques Lopes] |
sexta-feira, novembro 19, 2004
E a mim? O que me fariam a mim?
A propósito das últimas declarações de Mário Soares: se houvesse um golpe militar para restaurar a democracia, o que aconteceria aos suspeitos de colaboracionismo? Seriam deportados? Presos? Reeducados? Seria eu um desses suspeitos?
[Rodrigo Moita de Deus] |
O Acidental à escuta
Flexibilidade e polivalência no emprego. A ler no Quinto dos Impérios.
[Rodrigo Moita de Deus] |
Back to the starting line
Depois de chegarmos a acordo em tanta coisa, leio o que o Bruno Cardoso Reis escreve sobre a Costa do Marfim. E, uma vez mais, é incapaz de escrever sobre a política externa francesa sem recorrer àquelas ideias preconcebidas de "Bushistas vs Europeístas". Deixe lá isso, Bruno. A França não é a Europa e a ideia de convidar os franceses para guardarem a paz é tão brilhante como convidar uma raposa para tomar conta das galinhas.
[Rodrigo Moita de Deus] |
Centro de mensagens
Caro Diogo, o Aly Silva escreveu sobre este teu poste e diz que te esqueceste desta fotografia. Parece-me que foi mais um ataque da OLP de Arafat, desta vez num aeroporto da Jordânia.
[PPM] |
Perigosamente consensual
Toda a blogosfera está de acordo. Todo o país está de acordo. A pergunta do referendo é um disparate completo. Resta acrescentar que é preciso estar muito “longe da realidade” para redigir e apresentar uma pergunta assim.
[Rodrigo Moita de Deus] |
Saúde mental com os 7ª Legião
Concerto de Solidariedade pela Saúde Mental Gaiteiros de Lisboa + Rodrigo Leão + 7ª Legião Fórum Lisboa 26 de Novembro às 22h Bilhetes na FNAC, Ticket Line e no Fórum Lisboa [PPM] |
Correio da blogosfera
A propósito do poste do Luciano Amaral com o título "Le Coq Soviétique", gostava de lembrar que, a meio de Outubro, antes da famosa queda de Castro, aconteceu o tal episódio de um deputado do PP espanhol ser expulso de Havana (após ter anunciado o seu apoio aos dissidentes). Na mesma altura, decorreu uma reunião de responsáveis sobre política europeia para a América Latina, onde o novo governo do PSOE advogou o descongelamento das relações bilaterais UE/Cuba e o reforço do diálogo com o regime de Castro. Parece-me que, se juntarmos os interesses espanhóis aos interesses da diplomacia francesa, se consegue uma espécie de multilateralismo de interesses próprios. Se Chirac e Zapatero unirem esforços, não será difícil colocar a diplomacia europeia do lado de Castro. Para mais, depois deste dificultar a circulação de dólares, promovendo o uso alternativo de euros (amiguinho que ele é). Se o novo cargo de Min. dos Negócios Estrangeiros Europeu fôr espanhol, mais fácil isto será. Curiosamente, os interlocutores que se pretendem privilegiar são ferrenhos do unilateralismo partidário e praticam-no desde há muito, colocando na prisão quem discorda.
Um abraço de um leitor assíduo, Luís Silva (http://officelounging.blogspot.com/) Pode ver estes links: http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/americas/3750186.stm http://www.elmundo.es/elmundo/2004/10/19/internacional/1098196303.html ou o post que na altura afixei: http://officelounging.blogspot.com/2004/10/h-que-ser-compreensivo-com-castro.html |
Digam-me que foi engano!
Estou envergonhado enquanto português pela aprovação da "pergunta" no referendo europeu. Se quem a aprovou é português, eu quero ser espanhol.
[Pedro Marques Lopes] |
That Joke Isn't Funny Anymore
Vá lá, decidam-se: aquilo é uma constituição ou não é? É um tratado ou não é? De uma coisa temos a certeza: aquilo é um real aborto (e não quero aqui ofender ninguém para quem o aborto é um valor sagrado). O que me dá uma ideia. Que tal esquecer aquela pergunta abortiva sobre o citado aborto e fazermos um só referendo. Seria um referendo sobre o aborto nas duas acepções da palavra: o constitucional e o literal. A pergunta seria: "Está de acordo com o aborto?" e não se especificava mais nada. Era fácil. Votávamos "não" das duas vezes e estava o caso resolvido.
[Luciano Amaral] |
Presunção e Água Benta
Celso, estás enganado, eu (se era também a mim que te estavas a referir) não me meti convosco. Estava realmente a reproduzir de forma aproximada um diálogo que tive com uma amiga há uns dias atrás. Como é vosso timbre aliás, não percebeste o que quis dizer. Era com a esquerda em geral que me estava a meter. Vocês (verdade seja dita) estão mais ou menos onde sempre estiveram. O resto da esquerda é que não.
[Luciano Amaral] |
A propósito do poste do Luciano sobre Cuba
Este texto do Mário Vargas Llosa é dedicado às nossas putas tristes.
Las "putas tristes" de Fidel EL PAÍS Entre los defectos de Fidel Castro no figura la disimulación. En los 45 años que lleva en el poder -la dictadura más larga en la historia de América Latina- nunca ha pretendido engañar a nadie sobre la naturaleza de su régimen ni sobre los principios en que se funda su manera de gobernar. Cuba vive bajo un sistema "comunista" (son sus palabras), que, según él, es más justo, más igualitario y más libre que las putrefactas democracias capitalistas, a las que en todos sus cacofónicos discursos el "comandante" manifiesta siempre el soberano desprecio que le merecen, y a las que les pronostica que más pronto que tarde se desmoronarán bajo el peso de su corrupción y sus contradicciones internas. Es posible que Castro sea la única persona en Cuba que todavía crea esas sandeces, pero, sin duda, se las cree, y como en la isla reina un totalitarismo vertical donde el Jefe Máximo tiene poderes omnímodos y es la única fuente de la verdad, el sistema funciona en razón de semejantes convicciones, machacadas por la propaganda unidimensional ante los cubanos como si fueran axiomas revelados. (Es por esta razón que Reporteros Sin Fronteras acaba de situar a Cuba en el lugar 166, entre 167 países examinados, en lo que concierne a la libertad de prensa, es decir, en el penúltimo lugar: el último le corresponde a Corea del Norte). (continua) Mário Vargas Llosa [Pedro Marques Lopes] |
Oh seu mija na agulha
O Barnabé escreveu sobre o mar. Podia ter escrito sobre quântica ou sobre o mau momento do Penafiel, mas escreveu sobre o mar. Advertência: O post que se segue contém linguagem que pode ferir a sensibilidade de alguns leitores.
Manifesto marinho anti Barnabé de finíssimo recorte literário* Temo que dos meus tempos aqui, fiquem para a história as palavras do Barnabé. Se o Barnabé é ícone para um milhão. Abaixo os tempos! Abaixo o milhão! Abaixo o flautista que os ridiculariza! Abaixo os ratos que o seguem! O Barnabé tem a memória de um peixinho de aquário! O Barnabé só pesca o que lhe interessa. O Barnabé é uma tainha! O Barnabé é a refutação viva da evolução das espécies. O Barnabé está para o mundo como as Berlengas estão para os portugueses. Ecossistema selvagem só notado quando há asneira. O Barnabé não discute, disparata. O Barnabé não argumenta, difama. O Barnabé tem é postas e ideias congeladas em mar alto. O Barnabé é reaccionário! Confunde o interesse da nação com o interesse que tem na nação. O Barnabé não gosta das ideias dos outros. O Barnabé não gosta de nada que não compreenda. O Barnabé não compreende nada! O Barnabé é o velho do Restelo de uma geração next. Com ambições a um misto de Monstrengo com Capitão Iglo. Se o Barnabé é democrata, eu sou marxista. O Barnabé não gosta do país! O Barnabé desenha o mundo num rabisco. O Barnabé escreve a golpes de pilo. “Hoje somos por isto, amanhã por aquilo, a culpa é do sistema e também do fisco”. O Barnabé é heterónimo do Louçã O Barnabé tem personalidade de calda. O Daniel é a mão do Francisco. O Rui é a mascara do Tomé. O Barnabé é mãe medusa e suas crias, em mistério para a psiquiatria. O Barnabé gasta palavras como se fosse milionário. Tanta palavra escrita e ainda hoje não sei em que acredita. O Barnabé agoira-me o intestino. Antes as galés que lá voltar. O Barnabé é burguês! O Barnabé é beirão! O Barnabé é burguês da beira! O Barnabé é complexado. O Barnabé é recalcado! O Barnabé é falso farol! É falso profeta! É lobo em pele de cordeiro. É bardo, artista e curandeiro. É tonto, é doido, é um estorvo. É bicho danado de mau agoiro. O Barnabé é filho de si próprio! O Barnabé pensa que é culto. O Barnabé pensa que sabe escrever. O Barnabé pensa que é importante. O Barnabé vive sob o efeito de drogas duras! Se o Barnabé é o contributo da minha geração para o Portugal deste século. Então que se foda o Barnabé. Que se foda a geração. Porque o país, esse, já está fodido. Abaixo o Barnabé! Abaixo! Desliguem-no! * Para ser lido com a devida entoação [Rodrigo Moita de Deus] |
Correio do leitor
Dr. Paulo de Pinto Mascarenhas,
Peço-lhe desculpa pelo incómodo, mas não posso calar a minha indignação: li hoje [ontem] no periódico “Público” um artigo de José Pacheco Pereira (assina como historiador, embora seja um mero agitador) muito interessante. Confessa-se como um velho, impotente para perceber a geração nova que governa Portugal. Mas revela outras fraquezas. Gosto da parte, por muito significativa, em que ele diz “que sabem do país [ele põe País em letra pequena… significativo] pessoas que só conhecem os escritórios de advogados de Lisboa, e o ciclo de vida que vai da Bica do Sapato, do Lux, das férias no Algarve, Brasil e Cuba, da “neve”, do sushi na moda e dos health clubs, e que estão todos no concerto da Madonna?” Gostava eu também de saber o que percebe o dr. Pacheco Pereira dessas matérias para falar com ar tão sábio e conhecedor. Pelo que é público, o professor de filosofia só conhece os hotéis de folheto de Moscovo, as ruas do Porto, as melancolias da Marmeleira e o silêncio sepulcral do seu armazém de papel a que chama biblioteca. Nunca ouvi dizer que esse senhor tenha posto um pé no Lux (bem lhe fazia…), e muito menos num health club (também lhe fazia muito bem às adiposidades); mas fala de cátedra como se conhecesse o que não conhece. Mais ainda, ele acha que ir à ginástica é sintoma de um mal qualquer que transforma o cérebro e perturba as leituras; como também entende que o Lux e a Bica do Sapato estão relacionados com a senhora Madonna, quando estrão muito mais próximo do Malkovich. O senhor Pacheco, está bom de ver, é um ignorante (que média terá tido na Faculdade? Vou investigar…) encartado e convencido. Fala sem conhecer e sentencia sem saber. Eu, por mim, vou continuar a ir à Bica do Sapato só pelo gosto de saber que não vou lá encontrar ser tão superficial. António Leonardo Cascais |
quinta-feira, novembro 18, 2004
Coisas boas da blogosfera
Cartas Portuguesas. Um belíssimo trabalho sobre a primeira república. Parabéns e obrigado ao autor.
[Rodrigo Moita de Deus] |
Podia ser o comentário de um monárquico sobre a actual constituição
“A consolidação da República dos 300 000 num país de 5 milhões de habitantes, só se poderia dar recorrendo a subterfúgios pouco democráticos (...)”
Poder político e Caciquismo na 1ª República Portuguesa Fernando Farelo Lopes - Editorial Estampa 1994 Via Cartas Portuguesas [Rodrigo Moita de Deus] |
The Right Stuff
A propósito das eleições americanas, o escritor Tom Wolfe disse: “I think support for Bush is about not wanting to be led by East Coast pretensions. It is about not wanting to be led by people who are forever trying to force their twisted sense of morality onto us, which is a non-morality. That is constantly done, and there is real resentement”. É verdade, só é pena que (como eles dizem) a gente aqui não possa votar no Bush. Até podíamos perder, mas ao menos ninguém nos tirava a alegria de votar contra eles.
[Luciano Amaral] |
Forecasting
Economistas do Bloco de Esquerda (do Professor Rosas ao Professor Louçã, passando pelo Dr. Portas) garantem que o Euro atingirá brevemente os 80 dólares por barril.
[Luciano Amaral] |
Le Coq Soviétique
Parece que a União Europeia (c’est-à-dire, a França) quer rever a sua relação com a oposição democrática cubana, em favor do reforço dos laços com o regime comunista tropical. Enfim, trata-se de mais um passo na apropriação dos despojos da geopolítica da guerra fria pelo resplandecente gaullismo tardio, em nome de um pólo alternativo ao unilateralismo ianque. Sob a sua asa protectora estiveram ou estão o Iraque saddamita, a Síria, o Irão, a Autoridade Palestiniana e agora até Cuba (quem sabe a Coreia do Norte, um dia). O sonho é ter sob a asa a Europa de Leste. Tivemos mesmo direito a um episódio de saudosa kremlinologia, com a interminável agonia de Arafat. Tivemos até direito a um candidato da Manchúria, na pessoa do malogrado senador Kerry. Quando a URSS existia muita gente não percebia o ridículo de tudo aquilo, porque há-de perceber agora o ridículo de tudo isto?
[Luciano Amaral] |